segunda-feira, 25 de junho de 2012

Deslocado: A busca pelo emprego

Deslocado é um cara bacana. Ele é super - sincero, vive em uma casca que só ele entende, pouco sociável e não gosta de amigos. Não é diplomático, fala muito e fala muita merda. Essa é sua história, que estou começando agora e pretendo continuar (Se assim minha paciência permitir), fazendo flashs da vida pessoal dele, com tudo que tenho direito. E o capítulo de hoje é: A busca pelo emprego. Vamos lá?! =D. 

... 

Deslocado já saiu puto de casa. Acordou tarde, não conseguiu fazer porra nehuma porque a merda do despertador estava quebrado e ainda por cima pisou na maior merda de cachorro que já viu na vida. Quando entrou em casa novamente para trocar o sapato, o cheiro ficou tão forte que parece que tinham cagado na sala e limpado a bunda no carpete. Ele trocou de sapato rápido e já previa um dia igual ao da merda que tinha pisado. Foi pra parada e um carro passou pela poça de lama, o que fez com que ele ficasse com a calça suja. Ele olhava a calça, engolia a raiva e esperava pacientemente o busão, que já vinha lotado às 6 da manhã. Entrando no busão, o cobrador com cara de bunda e boca de buceta já vinha cobrar a passagem: 

- Vai ser dinheiro ou cartão?
- Amigo, o que porra é isso na minha mão? - O cobrador olha de relance. 
- Dinheiro.
- Então, essa porra é pra que? Pagar a tua mãe pela noite de ontem? Caralho.
- Calma ai estressadinho, ou se não você fica ai. 

Teve vontade de falar poucas e boas pro bigode ambulante, mas apenas fungou alto, deu o dinheiro a ele e passou na roleta. E por incrível que pareça, apesar do calor infernal que fazia no busão, ainda tinha um milagroso e espaçoso lugar vago ali e todos que tinham subido já tinham sentado. Pensou ele que era um compensação pelo início horrível começo de dia que ele tava tendo. Sentou rapidamente, mas tudo que parecia muito bom, bonito e cheiroso feito penteadeira de velha viuva em dia que ela sai começou a cheirar a merda de novo. Ele ouve o batidão, o funk proibido começou a invadir a porra dos tímpanos dele e era logo o cara que estava do lado dele. Ele foi se contendo, mas a merda que tava na cabeça dele misturado a raiva que tava do cobrador e a imagem dele desempregado e fudido fez com que ele forçadamente tomasse uma atitude: 

- Amigo, dá pra desligar esta porra agora? 
- Qualé truta é nois, se liga só nesse som.
- Truta? Tu acha mesmo que eu tenho cara de truta caralho? Que merda é esse que tu chama de batida?!
- Se liga só na parada tio, é uma mistura foda de funk e um batidão do mathias que vive lá na quebrada onde eu moro ta ligado tio?
- Se eu fosse teu tio, ligava uma música da potranca selvagem do norte, enfiava no teu cu e pedia pra tu relinchar caralho. Ninguém aqui ta com paciência pra ouvir isso não, desliga logo ae caralho.
- Que é isso tio? Nos é da paz, briga ae não. 
- Que porra de paz, eu quero é paz dessa porra ae. 
- Mas se liga só tio...
- Que é caralho - O ódio já tomava conta do Sr. Deslocado.
- ta bom , ta bom. Vou desligar. 

Ele desligou o som e o silêncio voltou a reinar. A paz que ele pediu aos deuses e recebeu como um agrado divino invadia os seus tímpanos e sua alma como cavalos saltitando alegres nas núvens, mas foi por pouco tempo. O busão começou a lotar e o calor foi aumentando. A impaciência dele também: já tava quase na hora da entrevista e tudo que ele via era um funkeiro viado escroto do lado dele, e do outro o cara que ficava pra frente e pra trás roçando a porra da piroca no ombro dele e isso começou a deixar ele ainda mais irritado. Pensava: - Que viadagem é esse? Mas que porra esse cara não se toca?. E, a cada curva, a cada vez que o ônibus virava um pouco o cara vinha com mais força pra cima dele. Ele aguentou mais uns minutos, mas não se conteve: 

- Mas que porra, tira essa merda pra lá. 
- Tira o que amigo? - Disse o homem, terno e roupa social. 
- Essa porra dessa piroca sua ta roçando no meu ombro, seu animal. 
- Mas ta lotado
- Lotado nada cara, tu acharia legal um cara fazendo isso no teu ombro? 
- Hmm, acho que sim heim. 

Era só o que faltava para o dia ficar bom: Um viado querendo dar em cima dele. Agora estava entre um funkeiro louco pra ouvir música e um pervertido roçador de piroca de ombro: 

- Mas que porra. 
- Quem sabe a gente não pode... 
- Tu é louco, sai fora, só mulher aqui. 
- mas eu sou uma quase mulher
- Caralho mesmo ... Tomar no cu. 
- É essa a ideia. 

Deslocado olhou para a janela e rapidamente zapeou entre as pessoas que estavam no busão. O homem que estava cantando ele ainda tentou alisar o seu peito, mas foi rapidamente evitado devido as habilidades de Sr. Deslocado de fuga rápida em busão lotado. Em menos de 5 minutos já estava na rua, perto de onde iria fazer a entrevista. e assim foi, andando e pensando na vida de merda que tava tendo. Quando chegou lá, foi recepcionado por uma gostosa de terninho, que o acompanhou até a sala: 

- Vamos senhor.
- Claro, você é gostosa heim. Trabalha aqui? 
- Como assim senhor? 
- É. Trabalha aqui há muito tempo? 
- Um pouco. 
- Ainda bem, já conhece o sistema e tudo. E sim, você é gostosa heim. 
- Obrigada - Olhava ela meio estranho.

Andaram um pouco até avistarem um sala, onde perto iria acontecer as reuniões. Lá estava uma recepcionista e várias pessoas esperando: 

- pronto senhor, aqui. Espere até ser chamado. 
- Tudo bem.

Ele se acomodou na cadeira e viu a moça, que também era gostosa: 

- Ei, você trabalha aqui ha muito tempo? 
- Sim- dizia ela meio tímida. 
- E pagam bem? 
- Como assim? 
- É, sem aquele salário de miséria que estavam prometendo. 
- Pagam o suficiente.
- Porra, vou ter dinheiro pro puteiro, pra cachaça e ainda vou poder comprar os games que gosto. 
- Senhor, pode - se sentar ali um instante? 
- Claro. Mas tu é gostosa heim. 

Ele sentou e todo mundo ficou olhando pra ele com cara de trouxa. - Qual é - Pensou ele. - Todo mundo achou essa porra dessa mulher gostosa. Não foi só eu, garanto. - Ele olhava de lado e o relógio marcava já 9 horas. Nesse meio tempo tinha pisado na merda, ouvido um funkeiro escroto e um viado FDP cantando ele e achava que o emprego tinha que ser muito bom pra compensar isso tudo. E aos poucos todos foram sendo chamados. Todos, um a um, foram a uma sala fora dali e fizeram suas entrevistas. Ele foi o último, e pra piorar já estava perto das 11 horas e a fome batia nele como um leão. Precisava achar algo para comer: 

- Vamos senhor. - Dizia a gostosa que estava antes acompanhando ele. 
- Claro. 

eles se dirigiam a sala ao lado e um homem gordo, meio suado e barbudo atendeu ele: 

- Sente - se senhor. 
- Onde? Nessa cadeira de merda que parece que chutaram ela antes de trazerem pra cá ?
- É senhor - Falava o homem sem jeito. 
- Ta bom, é o que tem né. E o café, vai ser servido quando. Tem que vir com bolacha heim

O homem acenou com a cabeça e a mulher saiu: 

- Então, por que veio até essa oportunidade? 
- Era o que tinha, o salário de menos merda então eu decidi vim.
- Menos merda? 
- É, vem cá vocês tem internet boa aqui né? 
- Como assim? 
- É, internet boa caralho. Tenho que baixar os pornôs né cara. Tipo, ver as mulheres lá e tal

Enquanto falavam, a gostosa entrou com vários biscoitos e café: 

- Opa, café e biscoitos. isso sim que é vida rapaz, e uma gostosa dessa servindo puta que pariu
- Precisam de mais algo?  - Ela falava rindo baixo. 
- Não, pode ir. - Ela saia rapidamente - Então senhor, é por isso que veio? 
- É né, e ai, o que achou do meu perfil? eu me encaixo ai
- Então senhor, estamos averiguando
- Averiguando significa que eu não vou ganhar a porra do emprego? - Dizia ele botando os pés na mesa do cara. 
- Não necessariamente... 
- então o que? Vai averiguar o telefone daquela gostosa que passou aqui pra servir esse biscoito murcho e esse café frio? 
- Mas o senhor é muito folgado heim!
- Eu não, tu não achou essa porra murcha demais não? Tem gosto ruim quando fica muito tempo no pote. 
- Senhor, faça o favor. 
- Mas mal começou a entrevist...
- Saia 

O homem expulsou ele a pontapés, tirando - o rapidamente da sala. 

- Caralho, que bicho grosso da porra! Nunca mais faço uma entrevista aqui. 
 Nesse meio tempo, a moça gostosa passa por ele e olha disfarçadamente, parecia gostar de algo: 

- Danada já ta querendo né? 
- É, como descobriu
- Sabe como é, tenho o feeling disso
Ela chegou perto dele, no ouvido dele e falou baixinho: 

- Então, o que você acha disso? - Enquanto falava chutou as partes baixas dele
- Foda, foda - Falava ele com voz fininha, caindo no chão. 

Ela saiu e o deixou lá, paradão deitado. 


...


É isso por enquanto, depois continuo xD.

Um comentário:

  1. Esse deslocado poderia ser qualquer brasileiro fudido geral, sem perspectiva, tentando ter um pouco de paz e prazer pra compensar sua vida sem cor...
    Ele pode está em qualquer esquinam há milhares deles, zés e manés da vida que passam pela vida e o mais curioso parece q no fundo esse Zé ai (deve se zé, né? ele é um Macunaíma repaginado...rs

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